Empresa rastreia e coleta dados de usuários do mundo todo

Pouco conhecida no mercado, a Acxiom Corporation possui dados de mais de 500 milhões de consumidores

Apesar de atuar nas “sombras” de nomes, como Google e Facebook, a Axciom Corporation é a dona do maior acervo de informações pessoais da internet. É bem capaz da empresa conhecer coisas sobre você, que até sua mãe não sabe.

Informações, tais como: hábitos de consumo, sexo, peso, altura, estado civil, escolaridade, preocupações com a família, planos para férias, filmes que gosta de assistir, locais mais frequentados, livro favorito, etc. Tudo isso está armazenado em um dos mais de 23 mil servidores da empresa localizada em Conway, Arkansas.

A verdadeira Matrix

A Acxion atua em um ramo não tão divulgado da informática, o marketing de banco de dados. Ou seja, ela armazena informações sobre consumidores e revende estes dados para outras empresas. Os servidores da Acxion processam em média mais de 50 trilhões de transações de dados por ano.

Com um acervo de mais de 500 milhões de usuários, 175 milhões só no Brasil, os dados armazenados ficam divididos em pelo menos 1.500 categorias.

Segurança e privacidade

Além de contar com algoritmo único para obtenção dos dados, para coletá-los a Acxiom contratou nomes de peso do Google, Microsoft, Amazon e mySpace. Apesar da propaganda direcionada não ser um fator inovador, a Acxion vai além, combinando as informações off-line, online e no celular, somadas a dados coletadas durante 40 anos.

Segundo especialistas, a técnica “visão de 360º”, pode dividir os consumidores de acordo com diferentes perfis.

Como ela rastreia?

Em um exemplo, supomos que Fernando entra no Facebook e vê que sua amiga Paula se tornou fã da empresa ComputerSa. O post da amiga sugere que Fernando entre na fanpage do ComputerSa e confira uma impressora.

Parece simples, mas a navegação aciona um sistema que reconhece o tipo de consumidor e suas preferências, para depois o classificar e preparar um anúncio direcionado. Fernando confere a promoção, clica no link, mas não compra. Na manhã seguinte, ao abrir a página de notícias o mesmo anúncio aparece.

Caso Fernando resista e não compre o produto. A noite ele entra na internet, é reconhecido pelo sistema e recebe um desconto de 20% no mesmo anúncio que havia visualizado antes.

O sistema PersonicX da empresa durante a navegação, já classificou Fernando como um consumidor classe média alta, que gosta de ler notícias, dá atenção aos preços e reponde a anúncios com desconto.

Convencido, Fernando finaliza a compra. Pouco tempo depois, ele irá receber mais propagandas sobre cartuchos de tinta, recarga e papel.

Cada consumidor armazenado no PesonicX pode ser classificado em uma das 70 categorias socioeconômicas.

Personalização X Perseguição

A ideia da empresa gera controvérsia. Por um lado, alguns especialistas acreditam que ao oferecer ofertas personalizadas, o consumidor final seria menos importunado com propagandas aleatórias, recebendo apenas aquilo que lhe convém a qualquer momento do dia.

Por outro, os clientes estariam sujeitos a uma vigilância abusiva e manipuladora. Sem contar o sistema de classificação de consumidor, o qual divide as pessoas entre os com valor (e poder aquisitivo) e os de baixo valor, que não poderiam se dar o luxo de receber certos anúncios.

É legal?

Até pouco tempo, empresas como a Acxiom atuavam sem o conhecimento público. Este ano a Comissão Federal de Comércio dos EUA solicitou maior transparência com os dados adquiridos sobre os consumidores, e que caso solicitado, a empresa forneça os dados coletados correspondentes.

No “Catálogo de Produtos” da Acxiom é possível comprar informações sobre casas em que seus habitantes se preocupem com dieta, casos de doenças na família, necessidades da terceira idade, etc. Mas também é possível filtrar as informações por etnia e interesses religiosos, o que torna o marketing ainda mais invasivo ao consumidor.

Posso verificar meus dados coletados?

Para constatar a veracidade das informações coletadas, uma repórter do New York Times solicitou o banco de dados armazenado pela empresa com suas informações pessoais. Após uma série de conflitos com protocolos de segurança, ela conseguiu fazer a solicitação online e teve de enviar $5 por correio para arcar com as despesas.

Após 2 meses de espera, foi lhe entregue apenas uma lista de endereços constando onde ela morou. Dados detalhados sobre viagens, hábitos de lazer e dados financeiros, não foram revelados.

Segundo a representante da Acxiom, Barret Glasgow, “A empresa não tem capacidade de encontrar dados de uma pessoa específica. Pois, não há uma ferramenta de busca pelo nome”.

Para o presidente da Comissão de Comércio do EUA, Jon Leibowits, todos os consumidores deveriam ter acesso aos dados coletados e vendidos pela empresa. “Eles não passam de paparazzi digitais que coletam informações, sem ser vistos” completa.

0

Deixe uma resposta